Notas explicativas

Canto XXV

25.1 Caco era um gigante que, na obra de Virgílio (Eneida), era considerado semi-humano. Dante o retrata como um centauro, irmão dos centauros que guardam o sétimo círculo. Era filho de Vulcano e vivia numa caverna sob o monte Aventina. Foi morto por Hércules de quem roubou várias cabeças de gado. [Musa 95] [Sayers 49] Voltar

25.2 Vulcano é o deus do fogo, na mitologia grega. Voltar

25.3 Hércules foi um herói da mitologia grega conhecido pela sua força e coragem. Filho de Júpiter com uma mortal, foi alvo do ciúme de Juno que enviou duas enormes serpentes para matar o filho ilegítimo. Hércules, embora ainda um bebê, estrangulou as cobras. Quando jovem, Hércules matou um leão com suas próprias mãos. Hércules se casou com uma princesa de Tebas e com ela teve três filhos. Foi novamente vítima da ira de Juno que lhe fez perder o juízo e matar toda a sua família. De remorso, Hércules teria se matado se não fosse o oráculo de Delfos que disse que ele seria purgado aceitando ser o servo do rei de Micenas. O rei, incitado por Juno, arquitetou como pena 12 tarefas, impossíveis para qualquer mortal. Entre elas estava trazer Cérbero (6.3) ao mundo superior sem usar armas e o roubo do gado do monstro Gerión (17.1). Esta última tarefa fez Hércules viajar à Espanha, viagem que marcou ao partir em duas partes uma grande pedra que deu origem aos rochedos de Ceuta e Gibraltar (as colunas de Hércules - veja nota 26.6). Hércules cumpriu todas as tarefas e depois se casou com Dejanira, que ganhou como presente de Anteu (31.5), filho de Netuno. Quando o centauro Nesso (12.6) atacou Dejanira, Hércules o matou com uma lança envenenada. Ao morrer, Nesso convenceu Dejanira de que seu sangue era um poderoso afrodisíaco. Acreditando que Hércules se apaixonara por outra, Dejanira acreditou em Nesso e deu para Hércules uma túnica imersa no sangue do centauro. O sangue era, na verdade, um veneno. A dor foi tão grande que Hércules acabou se matando. [Encarta 97] Voltar

25.4 Transformação em répteis: Os pecadores que se transformam em répteis neste Canto são nobres florentinos. Dorothy Sayers explica esta alegoria da seguinte forma: "os ladrões, que não faziam distinção entre o meu e o seu, não podem considerar suas formas e suas personalidades como propriedade sua." [Sayers 49] As transformações são as seguintes: Agnel, aparece como homem e se funde com Cianfa, que surge como um monstro de seis patas. Buoso aparece primeiro como homem e depois troca formas com Francesco que primeiro aparece como um réptil cinza. Voltar

25.5 Cianfa dei Donati é um nobre florentino. É ele que aparece pela primeira vez como um réptil de seis patas, agarra Agnel e com ele se mescla.. Voltar

25.6 Agnel é Agnello dei Brunelleschi, nobre florentino. Ele aparece inicialmente como uma alma humana, mas é depois mesclado com Cianfa, que aparece como uma serpente de seis patas. Voltar

25.7 Puccio Sciancato é outro nobre florentino. Puccio é o único que não se transforma em serpente durante a visita de Dante. Voltar

25.8 Aquele por quem Gaville chora é Francesco Cavalcanti. Ele foi morto pelos habitantes da vila de Gaville e seus parentes vingaram a sua morte provocando um genocídio na vila. Francesco surge como um réptil de quatro patas e troca de formas com Buoso. Voltar

25.9 Buoso Donati: Alguns comentaristas acham que este personagem (que Dante menciona simplesmente como "Buoso") não é Buoso Donati (vítima de Gianni Schicchi mencionada no Canto XXX) mas Buoso degli Abati. Ambos foram nobres florentinos que teriam enriquecido se apropriando da propriedade alheia. Buoso aparece com forma humana mas depois se mescla com Francesco e parte como réptil de quatro patas. Voltar